No destaque desta semana, no site "Poetas do Brasil".
MINHA POESIA
Minha poesia não é afiada
Não despedaço em fatias
É peça de mim inteira
Minha poesia não é de concreto
Não construo em pavimentos
Soa alto-falante do meu silêncio
Minha poesia não são sonetos
Não há sons nem duetos
Acerto e reboco um bocado de consertos
Minha poesia não é marginal
Não entra em cena
Não cheira sangue
Sangra pra dentro
Minha poesia não é de vanguarda
Despede da hora
Esquece o agora
Não lembra nem profetiza nada
Minha poesia é péssima notícia
da humana-idade que sufoca
no jornal do escuro desta cidade
Uma chave para estrada
O volante para escada
Uma porta para entrada
Não uso régua para dar passos
Não uso absinto para traçar faros
Piso errado no asfalto
Cheiro o abismo no travesseiro
Troco o bem pelo mal
Toco o amor no ódio
Sufoco meus recortes de anseio
Invoco meu dons
Sem receio
crio poesia sem o meio
de qualquer dedo
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