segunda-feira, março 24, 2008

Estou lá...

No destaque desta semana, no site "Poetas do Brasil".

MINHA POESIA

Minha poesia não é afiada
Não despedaço em fatias
É peça de mim inteira

Minha poesia não é de concreto
Não construo em pavimentos
Soa alto-falante do meu silêncio

Minha poesia não são sonetos
Não há sons nem duetos
Acerto e reboco um bocado de consertos

Minha poesia não é marginal
Não entra em cena
Não cheira sangue
Sangra pra dentro

Minha poesia não é de vanguarda
Despede da hora
Esquece o agora
Não lembra nem profetiza nada

Minha poesia é péssima notícia
da humana-idade que sufoca
no jornal do escuro desta cidade

Uma chave para estrada
O volante para escada
Uma porta para entrada

Não uso régua para dar passos
Não uso absinto para traçar faros
Piso errado no asfalto
Cheiro o abismo no travesseiro

Troco o bem pelo mal
Toco o amor no ódio
Sufoco meus recortes de anseio
Invoco meu dons

Sem receio
crio poesia sem o meio
de qualquer dedo


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