sexta-feira, janeiro 26, 2007

menina-vereda

Encontrei meus dias dando ultra-passos. Admiti todo erro para assumir meu rosto lavrado. Em tempos diferentes a gente projeta a gente, descobre nossos “eus” tão infantis, tão adultos, tão mesquinhos, medíocres e magníficos em nosso esconderijo secreto, e feito espelho conseguimos nos ver exatamente dessa mesma forma nos outros. Porque todo mundo está circundando. As pessoas buscam ser inteligíveis, exclusivas e perfeitas, mas distante disso tudo somos apenas únicos em um mundo abarrotado de cabeças pensando ao mesmo instante através de teorias já formadas, com descobertas já desfeitas (porque descobrir algo é desfazer de algo) e assim buscamos ser um SER.
Acho uma infelicidade à auto-afirmação, não que eu me exclua (sou imperfeita), mas dela nasce à cegueira, a oportunidade de se dar, de ser melhor.
Claro, existe a minoria para tudo, e para toda minoria eu transformo em platéia sozinha e aplaudo de pé. Admiro. Gosto dos polêmicos, os que me causam rodopios na alma. Gosto das coisas mais estranhas (óbvias) que fazem pensar e questionar.
Tão complexa e novinha estou eu, aqui, buscando o tempo todo me perder para compreender minha existência ou a inexistência da capacidade de sobreviver (acho difícil viver) e sinto forte em estar. Se existe algum inferno, acredito habitar nele e dele consigo extasiar e pensar em meu céu que para os outros podem ser o contrário (não sou anjo nem demônio).

Um dia, quem sabe, poderei ver a vida de cima para baixo ou de baixo para cima, apontado os erros que nem sei quais são. Ou celebrando os acertos!
Saio por aí dando cabeçadas, chutando pedras agulhadas, as feridas são minhas e das cicatrizes vou tomando a forma.
Deixo a meninice na fome da maturidade e vou assassinando, arquivando, acelerando meu passado. A tolice é não encarar as dores. Eu olho de frente e admito quando sou a culpada e não quero ser humilde, vítima ou coitada.
Ser pessoa é carregar pesos à toa, sem compreensão mesmo. Ser pessoa é aceitar que não há limites, que não há precipício que seu corpo não alcance, vivo ou morto. Ser pessoa é explorar a mata selvagem que existe dentro da gente, o paraíso, o escuro e caminhar, na terra ou no ar, mas ir. É importante deixar a gente sair da gente e também entrar no mais fundo, tão fundo que possamos perder o extravio. Depois de tudo, achar uma rota, escolher e recriar.
Existem tantos paradigmas que busco quebrar mesmo os pára-dogmas, e por isso questiono a moralidade e a corrupção individual, logo em seguida formo minha opinião e ignoro o que não me interessa.
Talvez os absurdos que falo seja compreensível apenas algum dia, e para alguns, mesmo que seja nunca, o que faz falta é eu não falar.


E pra falar macio, queria entender o que faz dos sexos sermos mais afinados ou mais grosseiros. Eu sou fina e grossa ao mesmo tempo, e sou mulher.
Não preciso fazer sala para ninguém, quem consegue se confortar em mim do jeito que sou, seja bem vindo e se acomode sempre.

Na verdade, sou um docinho-de-fel!!!!!

ps: (Tudo isso que acabei de falar foi só o desabafo de uma menina-vereda. Não sei mais se escrevo poemas, publicidade ou hipocrisia).


Beijos e poesias.

12 comentários:

Anônimo disse...

Êita! Já voltou de férias inspiradíssima e exorcizando os demônios que a vida nos apresenta!

Anônimo disse...

miguda comecou o ano desabafando...
linda linda abre espaco para novidades futuras nao se ocupe tanto em entender e deixe-se fluir.

beijo

Anônimo disse...

Continue escrevendo...
Adoro vc... acredito que vc sabe o tanto... hehehehehe
Bjos

Carla Marin disse...

prazer para poucos!

Brena Braz disse...

Gente!!! q orgulho!!! é minha amiga!!!
Parabéns, lindona! vc arrasa sempre! Impressionante!
Beijo pra ti.

ARRASAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Helena de Oliveira disse...

Mulher que sabe usar as palavras.Igual, nunca vi.
Intensidade e verdade é para poucos.
Super dani.

Anônimo disse...

nossa, confesso q estava com saudades de seus textos!
desabafa mesmo, faz bem pra vc, e eu adoro ler!
bjoO

Anônimo disse...

Meu coração partido,
Gostaria, se possível, saber de onde vêm tantas reflexões desta alma que esparge tamanha ternura.
Seria de alguém que habita o mesmo sistema solar dos simples mortais? Ou uma extraterrestre que vive afligindo a todos nós!
Estou buscando resposta para tudo isto e não encontro jamais.

Papaíto.

Anônimo disse...

TUDO TU.
EM TUDO, TU.
DE TUDO, TU.
TU.

TUDO O QUE VIER, VENHA.
VENHA ATÉ QUE TU VENHAS.

E TUDO DE TUDO.
TUDO DE TUDO TENHAS.

SE NO TODO, EM TUDO REINAS.

Anônimo disse...

Um dia, quem sabe, poderei ver a vida de cima para baixo ou de baixo para cima, apontado os erros que nem sei quais são. Ou celebrando os acertos!

equalizando nossa visão para o hoje, vemos de forma vertical, não sabendo ao certo o alto e baixo, o bom ou o rude...ao entrarmos em contato com novas atmosferas teremos padroes novos de visão, a vida é assim e quem sabe um dia né dani saibamos o que realmente valeu, onde realmente tivemos exito e quem foi o que.

sabias palavras da minha irmã perdida.

Aroeira disse...

well, well, well, mas a pupila tá cada dia mais que menina dos olhos, tá alma de mulher. vamos lá:

"porque descobrir algo é desfazer de algo" pro fun do. filosófico. isso dá papo pra dez horas de buteco.

"Saio por aí dando cabeçadas, chutando pedras agulhadas, as feridas são minhas e das cicatrizes vou tomando a forma." nesta última frase vc estuprou! clap clap clap

"Existem tantos paradigmas que busco quebrar mesmo os pára-dogmas" adoro jogo de palavras. muito bom esse aí.

"Na verdade, sou um docinho-de-fel!"
acredito.

bjos, menina-vereda, por onde penetro em leitura e, surpreso, confesso com a máxima: o bom discípulo supera o mestre.

p.s. quanto à questão sobre descobrir, foda mesmo é o cara que descobriu o nu rsrsrs

p.s. 2 voltando à questão do descobrimento, depois nos falamos a respeito de Roland Barthes

Robinson Crusoé disse...

Aí a gente chega aos cinquenta e poucos e vê que lá dentro continua morando aquela criança. Tudo igualzinho: mesmos medos, mesmas inseguranças. A diferença é que havia aquele oceano de tempo pela frente - que Freud falou; agora o fim do tempo está bem ali...

Carpe diem!