quarta-feira, março 21, 2007

Adistância

Adistância não surgiu do nada, aliás do nada ela surgiu sim. Estava sonhando um pouco dormindo um pouco acordada, quando avistei a senhora abóbada celeste. Na terra eu estava de cabeça para baixo com os pés para o alto e o céu com os pés encaixando os meus:

A de cabeça para baixo era eu
e o outro A era o céu.

Ficou fácil encaixar os pés do céu com os meus, afinal, quando a gente sonha tudo é fácil. E daí, ao fazer a poesia (acordada) deu para cruzar os AAA´s mais claros formando estrelas de rabichos. E sacar que distância é coisa do mundo (não do Outro).

***

12 comentários:

Anônimo disse...

Só Deus (?) sabe o quanto essa tal de distância tem atrapalhado minha vida.
Amei seu blog, realmente.
Hoje em dia, é difícil encontrar blogs com conteúdo por aí. O seu é muito legal! Um beijo.

marden disse...

a
palid
apalavr
afrasead

adoventoco

rreeencontra

acarnedoverboe

nevoandoaverdad

edotempoqueesbarr

anoespaços

emquerer

Junior disse...

dis

tan

ci



aaa

é complicado
mais sera a proximidade uma boa?
abraços
parabens pelo blog

Anônimo disse...

A DISTÂNCIA

SILENCIA

AGORA

MINHA POESIA.

E.R.L. disse...

How beautiful!

Anônimo disse...

Adoro esses seus concretismos misturados com artigos filosóficos. A distância e a proximidade parecem vir do nada!

Anônimo disse...

Dani Mo-amore.

Vejo em você traços fortes de Paulo Leminski.
Som, imagem e poesia.Além da regularidade métrica e rítmica.

Adorei!Tempos que não vinha nesse mundo de pura literatura.

Anônimo disse...

Cara poeta,

Esse concretismo tá meio
ultra
passado

Sinto falta da pureza da sua poesia de verdade. Aquela que é só sua.

Cuidado por onde anda. Ao tropeçar levante-se.

Cuidado com os elogios, sinta-se ofendida.

Dani Morreale Diniz disse...

Para meu caro Mestre-crítico aí de cima:

muito me assustou encontrá-lo no anonimato e uma pena é eu ter nos olhos uma lente para enxergar entrelinhas...

O que é poesia de verdade?
Para mim poesia é intenção de se expressar como foi neste "concretismo" que você nomeou. Só engendrou por causa de um incômodo sonho e foi a melhor maneira de materializá-lo. Acho engraçado como algumas visões são divergentes e acabam desviando olhares por bagagem de títulos já expostos, acabam afinando gostos e perdendo o que chamo de "sensibilidade" para compreender.

Minha poesia não tem técnica clássica e talvez assim, quem sabe, eu seja uma vanguardista de primeira maré?

Como diz Caetano: "sou o que soa / não tomo pílula."

Muito grata, você é meu maior crítico.

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

...Concreto, concretista, vanguardista ou etéreo... o que importa na poesia é a centelha que ela acende... e isto acontece na tua escrita...
Pequena correção: "Abóbada" celeste, e não "abóboda"...

Abraços alados.

Leila Andrade disse...

Daniele,
de correntes um elo a mais, volto com mais calma...
Beijos
Grata pela presença.

Anônimo disse...

Dani,

Seguem palavras apócrifas. Sobre a distancia?

Da queda de um anjo

Há tempos deixei de lado a gravidade...
piso a terra por puro gosto,
por saudade do meu primeiro instante
fora, exposto...

Lembro de minha mãe, de seu rosto,
contando que, dentro, eu era anjo
e caí...
(sabor de leite e colostro)

Tomei gosto por pesar, por descer...
todo anjo deveria aproveitar
cada oportunidade de cair, nascer...
J’essayerai de te donner...

Há tempos muita leveza não me apetece
e só creio no vôo partido da terra,
que a ela retorna e desce,
se planta e se cresce...

Não um pousar de sementes duvidosas nos artelhos,
frutas em mãos verdes, uvas rasas nos joelhos...
mas algo além do ápice, de cereal, de cadarços vermelhos...

Lembro de minha avó, de seus braços estreitos,
ensinando a regar...
dizia que olores, suores, azedumes de flores
é o que as águas vinham inspirar
mas de modo algum devia haver espera...
e se virava de costas...
preferia a presença à resposta...

Tomei gosto por estar e desaparecer...
J’essayerai de te donner...

Sempre quis ser algo de cheiro, nunca de eterno...
que deixa um rasgo, um risco, granizo,
resquício de raiz no ar, primórdio de inverno,
algo apesar...


Acordo agora com lembranças tuas...
me contava que raízes e perfumes
fizeram um acordo:
o horizonte continua,
o além é o transbordo...

Tomei gosto pelo ultrapassar, pelo perecer...
... la distance que tu veut...

Levanto-me e olho pro céu
aguçando distância nas vontades
mas o papel de suas asas
não suporta minhas extremidades,
o peso de meus poros, minhas casas e cidades...

Faça o favor então de me emprestar
teus olhos, lábios, teu cheiro,
que assim meu contorno eu beiro
até me transbordar,
pois teus quadris me germinam
e planto suas asas na terra
pr’uma árvore de ar...

Tomei gosto por sentir-me em ti crescer...
... la distance que tu veut...

Sei que teus pés são saudosos de chão
e mesmo que hoje, ao descer um pouco,
diga “não” já ao primeiro passo,
tenho paciência nas raízes e, por isso,
de quem voa, me despeço não com tempo
mas com espaço: - Até perto!

E, se no alto do vôo te faltar ar,
é certo, não te faltará, na terra, alento...
me viro de costas e sento...

Tomei gosto pela queda, pelo umedecer...
J’essayerai de te donner la distance que tu veut...




deixado num ninho no alto de uma árvore...