Seu rosto está pálido. Suas pernas estão mofadas. Suas mãos talhadas. Seus olhos enxergam a sombra da dobra do dia e da noite. Nada mais. Ele que um dia pensou. Que um dia sentiu que pensou. Que um dia sentiu. Ele que um dia pôde. Que um dia pôde acreditar. Que um dia acreditou. Agora não sente, não pensa, não pode e não acredita. As lágrimas viraram músicas. Os joelhos atrofiaram. O abdômen desconhece suas funções. Nada mais. Todos os barulhinhos bons agora são silêncio. Todos os gestos gentis agora são silêncio. Todos os gostos doces agora são silêncio. O silêncio é ruído. O silêncio é estúpido. O silêncio é amargo. Seu ouvido perdeu a cera. Suas articulações perderam o óleo. Seu corpo perdeu a água. Ele que um dia cantou. Que um dia cantou que cantou. Que um dia cantou. Agora não canta mais. O silêncio é calado. O silêncio é cego. O silêncio é tapado. O silêncio fez silêncio. Ele quem deixou. Nada mais.
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Um comentário:
como era mesmo a citação do drummond?
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