quinta-feira, janeiro 17, 2008

o que me perco quando me procuro

Imagem de Marc Chagall

Ontem fiz um traço e rápido percebi que meus rabiscos serviam para serem rabiscos e pronto. Não mudaria em nada. Eu não mudaria. Nem a orbe. Resolvi baixar a guarda já que o caminho me traça. Estou na superfície da (es)fera da vida. Que divide em dias malogrados e felizes. Montei uma rede para descansar os problemas que só precisam ficar a sós. Agarrei minha vara pra pescar travesseiros. Foi assim que tentei imitar as flores, mas cheguei perto de ser um tanque de guerra no campo de batalha. As flores são belas e cheiram bem, persisto nelas. O que muda são os campos e o foco de visão. A gente tem uma humanidade de recursos à disposição. O meu importar é olhar nos olhos do mundo e confiar. Entre a biografia e a extinção só me resta dúvidas! O que seria das certezas sem elas? Não menciono a falta de graça. Mas mensuro o tamanho da graciosidade que não damos conta por não acreditar. Dar-me as mãos não é conhecer minha solidão. Beijar meus olhos não me traz segurança. É diferente confiar de cuidar. A gente cuida das nossas ocupações e das desocupações, sobretudo. Eu vou falar de sonhos e acordar deles. Eu vou falar da fome e saciá-la. Mas nunca vou esquecer. Vou chamar pelo nome. Mesmo que seja apenas uma coisa. As coisas são chamadas de coisas para menosprezar o que são. Gosto dos nomes. Que traz significado. Que faz ser. Ser é um estado invisível de conhecer. Detesto os menosprezos e a falta de instância. Só de imaginar que um átomo já é a resposta do átimo... O essencial é mínimo e tão íntimo que não dá pra enxergar. Eu vejo meu quarto. Mas morar em minha casa não me prende ao mundo. O mundo é tão grande e tão íntimo que não posso enxergar. Eu vejo meu globo. Mas morar em meu planeta não me prende ao Universo da minha pupila. Mas tudo faz sentido. O que eu penso é um túnel coalhado de luzes, de escolhas que vai sem fim. É que não sei usar palavras para termos finais. Como saber a chegada antes mesmo da partida? É preciso saborear da pimenta pra sentir seu ardor. O som que sai da minha boca é o barulho da minha alma que gosta de falar de inicio e das mudanças do recomeço. Refaço os finais de histórias para não contentar a cabo de nada. Inventar é a manhã dos dias ensolarados. É necessário não satisfazer ao comodismo. Quebrei os tijolos dos olhos, arranquei o capacete do coração e destruí a armadura da coragem. Essa foi uma lição que arquitetei pra eu continuar...

E no final, tudo que me basta volte, para eu relembrar.


5 comentários:

Anônimo disse...

"e no final, tudo que me basta volte" para eu reviver.

Anônimo disse...

para eu renascer no ato.

mary disse...

você tem o dom de transformar enriquecer o mundo com suas palavras, de torná-lo mais bonito. talvez por isso goste dos nomes das coisas... eu não gosto, pois acredito que ao tentar classificá-las, perdemos a sua essência. A Clarice diz que entre a coisa e o nome existe um intervalo...
Concordo e percebo o intervalo. É nítido, a tentativa de classificação da coisa nos fazer pensar nela, e não senti-la... Rasgue as etiquetas, não precisamos dos nomes, somente das coisas. Mas que a resposta do máximo está no mínimo... isso eu concordo!!! ;-D

Anônimo disse...

Teu Flirk está qualquer coisa entre o lindo e o belo.

Izabel Xarru disse...

Olha só!
Interessante.