Tenho o gosto do céu na boca
A neve, a chuva, a poeira
Arquiteto os desvios do caimento
Caindo beira montanha
Na grama, nos armários, entre dedos
Na delicadeza, vou-me
Com olhos feitos músicas que dançam
Dançam quando Chopin desaparece
Balançar no silêncio faz-me enxergar
Vejo buracos na parede
Os buracos na parede são labirintos
De areias atadas em ligas desconjuntas
Mas são uniformes, como sou
Engana os homens de certeza concreta
Dentre a massa abstrata que transcende
Sou massa de alma má e boa
Em minha madrugada descansam os poetas
E faz acordar os boêmios de línguas vulgares
Catando letras desorganizadas
Em copos afogados de melancolia
Para contestar os engasgos das repulsas
Na mesma madrugada,
Quando as colombinas são espetáculos,
Sou o sono das mendigas cansadas
Faço habitar os pés que só precisam marchar
Em busca de uma pedra-amiga
Para que na volta,
Eu possa lapidá-la
Deixando as inaugurações
Dos meus segredos
De uma vida monumental.
2 comentários:
poesia monumento
alicerce de momento
formato de movimento
insta-ação sem cimento
de água, fogo e de vento
de alma e corpo.
és tu, em ti, o próprio invento.
mono-mental.
stereoetctera e tal.
PS: mas porque que eu sou tão ciumento...
bravo!
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