terça-feira, fevereiro 26, 2008

Mo(nu)mento

Tenho o gosto do céu na boca

A neve, a chuva, a poeira

Arquiteto os desvios do caimento

Caindo beira montanha

Na grama, nos armários, entre dedos

Na delicadeza, vou-me

Com olhos feitos músicas que dançam

Dançam quando Chopin desaparece

Balançar no silêncio faz-me enxergar

Vejo buracos na parede

Os buracos na parede são labirintos

De areias atadas em ligas desconjuntas

Mas são uniformes, como sou

Engana os homens de certeza concreta

Dentre a massa abstrata que transcende

Sou massa de alma má e boa

Em minha madrugada descansam os poetas

E faz acordar os boêmios de línguas vulgares

Catando letras desorganizadas

Em copos afogados de melancolia

Para contestar os engasgos das repulsas

Na mesma madrugada,

Quando as colombinas são espetáculos,

Sou o sono das mendigas cansadas

Faço habitar os pés que só precisam marchar

Em busca de uma pedra-amiga

Para que na volta,

Eu possa lapidá-la

Deixando as inaugurações

Dos meus segredos

De uma vida monumental.

2 comentários:

Anônimo disse...

poesia monumento
alicerce de momento
formato de movimento
insta-ação sem cimento
de água, fogo e de vento
de alma e corpo.
és tu, em ti, o próprio invento.


mono-mental.
stereoetctera e tal.

PS: mas porque que eu sou tão ciumento...

mary disse...

bravo!