quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Quando nasce a poesia
Prepara-se o funeral
Consumo do amor próprio
o ignorar da sobra ideal.
É perder só
na ilha
Encontrar-se no vendaval
Quando o verbo move ao sopro
A utopia morre no vento
Toda arte é o manifesto
Da batalha contra o movimento
Se jogar ao céu aberto
Do alto olhar a dimensão
Ver o grande de cima pequeno
Se evaporar na compreensão
*
*
sou a rouba
cor
da furta sílaba
a fruta
dor
da curta rima
*
**
***
inéditos pregos do meu quadro remendado...

não sei dor alma tanto
não sei peso chora quanto
não sei morte ora forte
não sei lágrima acha norte
não sei perfume leva cheiro
não sei jazigo vela verbo
não sei destino leva filho
Despenco em pena
a pétala-asa
subo o plano do porto
revelo a foto ávida
no pranto do morto
velo a viúva
do choro à pétala
engulo saliva
em névoa da vida
manto-crua
cubro lágrima nua
**
**
pensando bem agora...
Ontem quebrei frascos - do passado e do nosso recreio, ao invés de despedaçar em cacos lançou no ar a essência do receio. A in-decisão habita na capela onde meu deus é ateu, o altar é de barroco oco sem emprego e sem santa para rezar de joelho. Te oro quando devoro. Te nego quando despeço.Te quero quando desespero.Tenho medo até no sossego, mas te venero e renego entre dedos - onde escapa, tudo guarda.
pensando bem, não há nada para falar da gente agora...

4 comentários:

Nilmar Barcelos disse...

Meu deus ateu que na sua infertilidade criou-a... Há algo sobre a invredulidade de deus lá no meu espaço =)

Anônimo disse...

nossa !!! que V I A G E M ...

Anônimo disse...

ENCAIXOTADO


Acabei de receber as novas.
Ainda estou lendo.
Toda linda, sua poesia.
É impressionante como você se renova
amadurecendo.
Destrói e cria mundos todo dia.

Deve ser difícil falar de si por poemas
quando você, em si, é a própria poesia.
Como um médico que se auto-examina apenas.
Sem olhar de fora o próprio corpo sem sequer
anestesia.

Falar do outro é fácil quando se escreve.
Falar da gente, nem tanto.
Mas até que se consegue.
Mas quando a gente e o outro se confundem num só
corpo-poema,
aí a gente se espanta com o encanto que faz que a
gente se eleve.

Você se eleva em tudo a cada dia.
Nâo sei se me leva junto na jornada.
Só sei que me entrego a ti agora, sem pedras.
Com mãos e boca vazias.
Só pra seguir contigo nas curvas de nossa estrada.

Como não falar da gente agora?
Agora que toda sua fala me cala
e todo seu silêncio me fala
que agora, na tora, que toda palavra e silêncio do
amor e da poesia saem da caixa de pandora?

Aroeira disse...

"Quando nasce a poesia..."

clap clap clap. sensa! vc sabe que este é dos meus, né?

bjo, menina-mulher.