terça-feira, outubro 16, 2007

O Poeta...

Palavras, imagens, milhares de vontades e signos - os ficantes e os ficados. Recursos escassos esmigalham-se ao leito do tempo a criatividade. Para citar tempo penso no relento dos dias que queimam a cabeça e fadigam a vida. O poeta não é profeta, não lança adivinhações, mas adivinha a frase para o desfecho de um bom poema. O poeta não flerta rumores, não furta amores, nem fita à vinda do próximo filho, mas pensa mais que seu próprio cérebro no suporte para receber seus genes. O poeta é bandido por não banalizar. É escravo de seu senhor. É ladrão de sua obra. O poeta, sob pó, é o fogo que candeia. É sátiro em seus desejos e devorador de seu próprio cerne. O poeta é um ralé que se contenta com a amargura de sua pobreza, porque sabe enriquecer em suas lástimas, basta-lhe apenas um pouco de solidão, esquadros e calculadora, que é mais rico que o mais rico rei.

2 comentários:

mary disse...

linda!

Renato Villaça disse...

respeitar o tempo.
dar tempo à cabeça.
fazer caber na cabeça o que lhe cabe.
esquecer o incabível.
não dizer o indizível.
não querer poder o impossível.
admirar as pequenas coisas.
as manhãs.
os sorrisos.
os aromas.
os sabores.
os sons.
as cores.
nada esperar do futuro.
nada lembrar do passado.
saltar de cima do muro.
sentir o chão sob os pés.
e não mais sonhar (t)ser a(m)lado.