Hoje amanheci antes do sol, era escuro e meus olhos queimavam no clarão brando de minha ânsia.
O sonho foi floral; havia girassóis, tulipas, lírios e um sorriso de criança que corria sobre um carrinho de rodas de rolimã num labirinto com cheiro de grama fresca.
Entre o espreguiçar com direito a bocejos e um abrir de olhos grudentos, sentia o inicio da jornada tomada pela sensação da vida – a sensação da vida é o êxtase da alma.
Quando a gente acorda é sinal de que ontem realmente foi-se, bom ou ruim. Mas que o daqui a pouco vai chegar e é preciso acelerar os ritmos agora.
Quem acelera os ritmos é o coração.
Nos últimos tempos meu coração não é o mesmo, está bombardeando rápido o ritmo.
Levantei-me contorcendo inteira e saltei da cama, feito minhoca. Senti que hoje era um dia especial. Dia de contar felicidade pro meu ser único. Hoje também é único.
Dias assim costumo escrever poemas. Forma simples de falar o simples. Daquele dia, de ontem, de agora e do que pode vir a ser.
Dentre todos os critérios da poesia, acredito que há uma boa forma, que passa pela estética e técnica de expressar ao conteúdo da fórmula mágica de conter.
Não adianta escrever poesia sem colocar nela suas mãos. A poesia é feita pra tocar, às vezes toques suaves e outras vezes toques pesados. São toques. São trocas.
O final da tarde é como um final de livro, não vai mudar o protagonista. Nem o que foi narrado.
O começo do dia também.
Perceber o simples. Contar alvorada. Escrever os sonhos.
Assim que faço. Assim que dou ação para minha vida. Hoje acordei feliz.
3 comentários:
Dani,
"O final da tarde é como um final de livro, não vai mudar o protagonista. Nem o que foi narrado."
Belíssimo!
Mas muda o leitor: saio daqui outro.
Abraços, flores, estrelas..
Amore...
e dias assim, ainda que pouco e raros, compensam todos os outros...
Um beijO!
Muito interessante seu trabalho tanto graficamente como no conteúdo. Voltarei mais vezes para ler com calmas estes lindos poemas.
El Carmo
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